quarta-feira, 1 de julho de 2009

Capitulo 16

-Conte-me mamãe, qual o assunto de ontem?
- Alem da sua beleza e simpatia. O assunto foi o Marcelo.
- O big?
- Sim, suas primas ficaram encantadas com ele. Sua avó disse que ele está um “rapagão”. A empolgação dela com a beleza e a mudança física do Marcelo foi tamanha que chegou a afirmar que faria gosto de um namoro entre vocês.
- Ai, só a vovó mesmo. Mal sabe ela que isso não é uma possibilidade. Somos melhores amigos qualquer envolvimento arruinaria nossa amizade.
- Ele está tornando um homem muito bonito à moça que casar com ele terá muita sorte.
- Com certeza. Afirmou Angélica sem o mínimo interesse.
- Só espero que ele escolha bem. Completou Silvana.
- Mamãe, temos planos para o próximo sábado?
- Não planejei nada ainda. Mas se quiser ir passar o sábado com seu pai não tem problema.
- Não é isso. É que...
- É que?
- O Tiago lá da escola, me convidou pra ir ao cinema. Disse que me liga pra confirmar.
- Você quer ir?
- Não sei não, ele parece ser muito legal. Alem do mais, só o convidei pra festa porque ele é amigo da maioria dos meus amigos.
- Você quem sabe minha filha, o big o conhece?
- E como! Eles estão na mesma sala.
- Se ele é de confiança e Você quiser ir tem a minha autorização.
Só que a senhorita vai deixar o celular ligado e vai me dizer exatamente onde está e quando volta!

capitulo 15

Depois de uma excelente noite de descanso Angélica estava muito empolgada com os acontecimentos da noite anterior e não via a hora de conversar com sua mãe.
Ao levantar, ouviu os berros de sua mãe anunciar que a esperava na cozinha para tomarem café.
Quando chega a cozinha depara-se com dois lindos arranjos de flores.
Mais ansiosa que a filha Silvana diz:
- Dois arranjos na mesma manhã! Leia logo o cartão filha. De quem são? Pergunta curiosa.
- São do papai!
- E a outra?
- Também. Só que essas não são pra mim. Entregando as flores e o cartão a sua mãe.
Sem dizer uma palavra, Silvana abre um discreto sorriso e pergunta:
- Você quer café?
- Com leite, por favor. Responde Angélica confusa com a mudança repentina do assunto.
- Você estava deslumbrante ontem.
- Olha só quem está falando, me perguntaram até se era minha irmã. A senhora estava mesmo muito linda tão linda que nem mesmo papai lhe desgrudou os olhos. Retrucou empolgada.
- Impressão sua.
- Impressão nada. Haveria outro motivo para lhe enviar flores essa manhã se ele não a tivesse notado?
- Você deve estar curiosa pra saber o que contem o cartão não é dona Angélica?
- Estou sim mamãe.
- Na hora certa saberá!

Capitulo 14

Angélica estava primorosa não só na sua maquiagem, penteado e vestido. A linda pipinha atraiu olhares admirados e cobiçosos.
A bela moça irradiou alegria por toda a noite. Distribuiu sorrisos, deu atenção a todos fez mais que seu papel de debutante. Foi a princesa mais simpática que todos já viram.
Sua família orgulhou-se de seu comportamento cativante.
Angélica também despertou a atenção de Tiago; um colega de escola que sentiu algo especial por ela.
Tiago não perdeu tempo ao observar que pipinha estava sozinha aproveitou para puxar assunto.
- Perfeita festa. Digna de uma princesa!
- Obrigada. Agradeceu Angélica com o rosto corado.
- Você está muito linda.
- Você está um perfeito cavalheiro.
- Não é cavalheirismo é sinceridade. No sábado estou planejando de ir ao cinema, gostaria muito poder desfrutar de sua companhia.
- No sábado...
- Isso, no próximo não precisa responder agora, eu te ligo para marcarmos o horário. Ok?
- Ok.
- Agora preciso ir, pense com carinho na minha proposta. Mais uma vez “parabéns!”. Disse Tiago ao beija-la carinhosamente o rosto.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Capítulo 14

Aqui começa a busca de Angélica pelo homem dos seus sonhos. Vinha idealizando um rapaz maduro, de família; que tivesse sonhos e metas, visão de futuro. Agora com quinze anos, Pipinha começava a anciosa espera pelo que seria seu primeiro amor e compartilhou com Marcelo:
- Você acha impossível eu encontrar alguém assim?
- Confiável, verdadeiro, sincero, amigo, paciente, amoroso, humilde, engraçado, inteligente, audacioso, e ... Meu Deus, estou ficando sem ar!
- Você ainda não entendeu, Má... Não procuro as qualidades, mas sim a pessoa!
- Mas se a busca é por uma pessoa com estas qualidades, você está atrás das qualidades, não é?!
- Muita complexidade pra sua cabeça. Eu sei, ninguém tem a obrigação de me entender e na verdade, não tenho pressa para que isso aconteça... Só quero saber se posso contar com você pra encontrar esta pessoa.
- Veja bem, Pipinha.. Não acha essa busca um pouco exagerada?
- Como assim? Você acha que coloquei pré-requisitos demais? Até que não, coloquei que ele não precisa ser bonito, viu?
- Não é disso que estou falando, Pipa. Estas qualidades existem em homens sim.. Mas todas num homem só? Por exemplo o seu pai, você o ama?
- Amo sim, com todas as minhas forças! Ele é meu pai e eu faria de tudo por ele e pela minha mãe também!
- Pois é.. Seu pai é perfeito?
- Não, né...
- Cite um defeito dele.
- Ele teve medo de enfrentar os problemas no casamento com a minha mãe há sete anos; de vez em quando esquece as coisas; fica tempo demais sem me visitar e me mata de saudades.
- Tudo bem, tudo bem.. Eu pedi um defeito e você deu quatro, então pra compensar, me diga cinco qualidades dele.
- Hmm... Meu pai é muito amoroso, vive me abraçando; ele pede desculpas quando percebe que está errado; é extremamente sincero comigo; sempre senta para conversar sobre assuntos que considera importantes; sempre que eu preciso vem o mais rápido que pode; não se atrasa quando se compromete; ele tem aquele cabelo grisalho, que é um charme!
- Opa! Qualidades físicas não contam! Mas todas as outras que você disse... Viu só como as qualidades pesam mais que os defeitos?
- Claro que pesam, por isso estou procurando por alguém que tenha estas qualidades... Tendo-as, ele pode ter os defeitos que quiser!
- Veja bem, Pipa; estou tentando explicar que com esta lista de requisitos, é impossível esse cara ter defeitos, porque todas as qualidades possíveis e imagináveis estão nesta lista, entende?
- Exatamente! E é isso que eu procuro!
- Ótimo, você procura alguém que não existe. Ande, jogue esta lista fora; você é inteligente demais para dar uma de louca agora. Como seu melhor amigo, não vou deixar que você idealize algo impossível de achar.
- Você acha que coloquei qualidades demais, né.. Mesmo eu não pedindo necessariamente alguém bonito. Mas tudo bem, tudo bem.. Eu confesso que estou um pouquinho exigente demais.
- Quanta generosidade, pequena!
- E se...
- E se... ?
- E se eu diminuísse a lista?
- Se você diminuir esta lista até a metade, eu prometo que te ajudo a procurá-lo.
- Sério?
- Mas é claro, amigos são pra essas coisas! E você fica me devendo essa!
- Põe na conta, Má!
Parecia claro que aquela busca não daria em nada, mas Marcelo gostava de estar ao lado da amiga e dá-la suporte. Mal imaginava; estava se apaixonando por Angélica.

domingo, 28 de junho de 2009

Capítulo 13

Angélica nunca esteve tão linda e seu pai Fernando parecia não enjoar de admirá-la. O longo vestido parecia perfeito, o penteado, a maquiagem, o sorriso; como não percebera que Pipinha estava se tornando uma mulher?
Giovana, prima de Angel, era simpática e graciosa, se sentira à vontade ao conhecer Marcelo desde o ensaio para a valsa e ainda confessou-lhe que nunca havia dançado numa festa assim. Giovana tinha 14 anos e por acaso, seria a próxima debutante da família. Big, como de costume, doou-se ao máximo para tranquilizar a parceira quando estavam prestes a entrar no salão e começar a dançar.
Tudo correu muito bem toda a música, exceto pelo fato que ele curiosamente não conseguia parar de pensar em Isabel, e em como sentia falta de sua voz, chegando até a imaginar se tomara a decisão certa ao terminar o namoro; afinal, Bela foi sua primeira namorada, primeira paixão correspondida. De volta à realidade quando a valsa deu-se por encerrada, brincou:
- Viu? Não foi tão ruim quanto você imaginava. Conduziu muito bem, parabéns!
- Obrigada mas, eu acho que foi você quem conduziu...
- Sério? Puxa, sou melhor nisso do que eu pensava!
Marcelo precisava conversar com Angélica sobre Isabel mas não achou conveniente parar a pequena no meio de sua festa para pedir conselhos sentimentais. Pipinha se divertia tanto, deu um pouquinho de atenção para todos os convidados; ótima anfitriã. Quando Marcelo se deu conta, estava admirando-a andando de um lado para o outro no salão e ria sozinho ao vê-la tentando dar atenção a todos presentes.
O primeiro pedaço de bolo foi para os pais, Silvana e Fernando. Angélica os fez dividir um minúsculo pedaço de bolo mal cortado e o segundo pedaço, é claro, foi para a avó paterna.
Terminada a festa, Marcelo foi despedir-se da amiga e quando a abraçou sentiu vontade de ficar ali pra sempre. Gostava da sensação de garantir segurança à Pipinha e sentia paz quando a tinha sob sua vigilância.
- Você já pode me soltar, Má...
Rindo, apertou-a contra o peito uma vez mais forte e a afastou, dizendo num tom brincalhão:
- Suas primas são realmente lindas e eu fico te devendo uma, Pipa.
- Fica me devendo? Pelo quê?
- Pela bela vista que tive durante a sua festa.
Angélica lhe deu um daqueles empurrões leves que não adiantam nem para sequer balançar o corpo, então sorriu:
- Obrigada por ter vindo, Má. Significou muito pra mim.
- Imagina, você merece!
Pipinha sabia o que Marcelo passara pra poder estar ali, e era grata por tê-lo, um fiel amigo.

Capítulo 12

Angélica não sabia o que dizer, frente a Big que acabara de anunciar o fim do namoro. Parecia estranhamente frio. Responsavelmente ainda disse:
- Não se preocupe com meu par na festa, a menos que tenha uma prima bonita e solteira.
Riu-se sozinho e erguendo o olhar seriamente para a amiga começou:
- Pipinha, eu sei que estou distante ultimamente e peço desculpas. Há um tempo percebi que mudei minhas prioridades e acho que Isabel não merecia tudo isso. Não sei nem como dizer mas, você é a melhor amiga que já tive e me dei conta que não estou disposto a abrir mão disso.
Angélica percebeu a dificuldade que Marcelo sentia em confessar tudo aquilo e num gesto rápido o abraçou forte, como não fazia há tempos:
- Sem desculpas. Uma vez Big, sempre Big. E eu tenho muitas primas lindíssimas que tenho certeza, aceitarão a sua companhia na valsa.
- Mas não restam dúvidas que elas sejam lindíssimas se forem mesmo da sua família.
Angélica o afastou de seu corpo com os braços e agradeceu:
- Hmm... Obrigada! Eu sei que sou linda!
- Estou falando da Silvana, Pipa metida!
Ali Marcelo percebeu, via Angel com outros olhos. De fato ela tinha mesmo razão: era linda.

Capítulo 11

Vinte e sete de abril era uma data memorável para Marcelo; foi quando começou seu namoro com Isabel. Provavelmente nunca se esqueceria do primeiro beijo, que Bela precisou praticamente roubar. Foi arrebatante todo o tempo de namoro; o primeiro dia dos namorados que passaram juntos, quando foi conhecer os pais de Bela, algumas poucas discussões que tiveram, enfim... Tudo parecia estar na maior perfeição até o dia que Marcelo viu sua fiel amiga Angélica caminhando na rua ao lado de um rapaz aparentemente desconhecido. Pipinha parecia estar se divertindo, sorria sinceramente e trocava olhares animados com aquele garoto estranho, talvez nem tenha notado que Big os estava observando da janela de casa.
Percebeu sozinho, olhando para aquela cena, que perdera quase um ano inteiro da vida de Pipinha. E se a culpa fora mesmo sua, como sua mãe disse:
- Pipinha ligou em casa ontem atrás de você. Ela nunca precisou ligar porque mora quase ao lado de casa e você vivia na casa dela ou ela aqui, mas parece que você deu uma sumida.
Para sair de seus pensamentos e voltar à realidade, ouviu o telefone tocar. Era Isabel, pra lembrar que sua festa de dezessete anos estava marcada para dali a dois fins de semana, a partir das 18h. Então a campainha tocou, dona Sandra abriu a porta e lá estava Pipinha acompanhada de um jovem de boa aparência que Angélica apresentou como seu primo Matheus. Passadas as apresentações, dirigiu-se a Marcelo:
- Então, a minha festa de debutante será em duas semanas, não neste sábado, no outro. Pensei em você para ser o meu par na valsa, mas acho melhor você dançar com a Isabel, por isso trate de convidá-la. Por sorte, Matheus chegou do interior antes do que imaginávamos e...
O primo interrompeu num tom animado e brincalhão:
- Sobrou pra mim, meu chapa!
Marcelo não pôde negar sua presença na festa, até porque, se esquecera por instantes do aniversário de sua namorada, que seria no mesmo dia. Irônico. Sabia que Bela jamais aceitaria dançar na festa de Pipinha no mesmo dia em que apagaria as velas de sua própria festa. Isabel sempre tivera um certo prazer de estar em evidência e dessa vez não seria diferente com certeza. Foi até a casa de Bela pra conversar sobre isso e as palavras dela não poderiam soar com maior tom de desprezo:
- Sinto muito, não vou na festa da Angélica e espero que você esteja na minha desde o começo até o final. Quero apresentar algumas pessoas que você ainda não conhece.
Big nunca sentiu tanto embrulho no estômago, sentia como se tivesse sido jogado contra a parede e obrigado a escolher entre a namorada e a melhor amiga, que devia achá-lo um tratante pela sua ausência nos últimos onze meses. Em poucos segundos fez a sua escolha.

sábado, 27 de junho de 2009

capitulo 10

- Não acredito que o Big está passando mais tempo com a Isabel do que comigo. Há seis meses, era eu pra tudo... Shopping, parque, cinema... Agora, me trata como uma colega e nada mais. Que absurdo!
- Acalme-se minha filha, o Marcelo está aprendendo a lidar com essas situações e além do mais ele não mudou em nada com você. Ele tem que respeitar a namorada e impor limites na amizade de vocês. Continua sendo o seu melhor amigo mesmo começando a vida de particular. Aliás dona Angélica, a senhorita já está uma mocinha e logo logo quero que me traga notícias sobre sua vida particular. Saiba que sua mãe estará sempre aqui para lhe instruir e aconselhar.
- Ai mãe, às vezes penso que se não tiver o Big pra me apoiar terei dificuldades em enfrentar alguns problemas sozinha.
- Minha filha, você se lembra porque o apelido do Marcelo é Big?
- Sim mãe. Ele sempre me disse que seria o meu melhor amigo, o maior de todos... Enquanto me ensinava uma lição de inglês associei que uma pessoa grande como ele deveria ser reconhecido assim: O big amigo!! Então ele me prometeu que estaria do meu lado sempre e essa amizade seria "big" e duraria eternamente.
- Acredite nisso minha filha!!

Capítulo 9

- E o que aconteceu depois, Má?
- Depois de eu não saber o que dizer?
- Mentira que você não disse nada...
- A única palavra que veio na minha cabeça na hora foi "sim", mas eu achei que eu é que devia pedí-la em namoro pra ela aceitar, entende?
- Ah tah, você pedindo a Isabel em namoro?! Fala sério, Marcelo.
- Tudo bem, tudo bem... Depois que ela me perguntou se eu a namoraria, tocou o sinal e eu acho que saí correndo pra aula de Matemática.
- Você correndo pra aula de matemática? Essa menina está mesmo mexendo com a sua cabeça. Mas e na sala, você não disse nada? Nem olhou pra ela?
- Ah Pipinha... Eu fiquei sem graça... E agora estou envergonhado de ter ficado sem graça.
Angélica achava tudo aquilo muito engraçado, a maneira como Marcelo falava a respeito de Isabel, como ele corava quando lembrava da conversa no intervalo e segurou-se para não rir quando viu Bela logo à frente, esperando pelo seu amigo. Com um tom nada encorajador, Angélica deu um empurrão em Marcelo antes de apertar o passo e sumir pela rua acima.
- Vai lá, garotão!
Conforme andava na direção de Isabel, sentia seu coração batendo mais e mais forte; podia jurar que havia uma bateria de escola de samba completamente desorganizada dentro do seu corpo. Seu maior desejo era ficar invisível, ou voltar no tempo para responder que namoraria Bela.
- Podemos conversar, Marcelo? Aliás, posso te chamar de Má?
- Sim e sim.
Ambos riram.

Capítulo 8

Ele estava ancioso, não sabia o que pensar e continuava procurando a bela, bela Isabel. Isabel era miúda, de cabelos longos e negros, olhos cativantes e de cor clara.
Depois de quase desistir de encontrar Bela, Marcelo a viu com suas amigas sentadas próximas à entrada da escola. Isabel o viu e imediatamente cochichou com as amigas e foi em sua direção. Marcelo não sabia muito bem como reagir, já que seu único contato com uma menina, era com Angélica; abraços carinhosos de irmão mais velho e vez ou outra, brincadeiras de mão. Desejava que Pipinha estivesse ao seu lado, dizendo-lhe o que fazer, como costumava desde sempre.
Isabel sorriu inocentemente, adiantou-se a andar e fez sinal para que Marcelo a acompanhasse:
- Vamos, Marcelo?
- Vamos? Aonde?
- Caminhar pelo pátio, não quer?
- T.. Tudo bem.
E começaram seu trajeto quase que circular no pátio da escola. Marcelo desejava tanto dizer o que pensava, desejava declarar-se, dizer quão linda Isabel era e como, nos últimos meses, sua motivação para acordar cedo era vê-la; como a achava inteligente e tamanha era sua admiração pela menina, que já sonhara com ela uma noite ou duas. Sonhos inocentes e cheios de ternura.
- Então.. Quantos anos você tem mesmo Marcelo?
- Eu? Dezesseis, e você?
- Completei dezesseis anos neste mês, dia dezenove.
- Sério? Dezenove de Abril?
- Sim, estamos em Abril, certo? Hoje não é dia vinte e sete?
- É sim.. É que minha amiga faz aniversário no mesmo dia que você.
- Sua amiga, é?
- Sim, ela estuda aqui. Depois a apresento, se quiser.
- Tudo bem...
Claramente nenhum dos dois sabia exatamente o que fazer ou dizer e, depois de um breve momento de silêncio, Isabel tomou a palavra. Parecia ensaiada de tão segura:
- E sua namorada? Quando faz aniversário?
- Nam... Namorada?
- É, quantos anos ela tem?
- Não sei. Quer dizer, não tenho namorada... Se eu tivesse eu saberia o anivesário dela, é claro.
- Hmm... Que interessante, eu também não tenho namorado.
- Não? Mas tem alguma razão em especial pra isso?
- Não quis até agora...
- Agora? É... Quer dizer que neste exato momento você quer um?
- Depende, você acha que eu preciso de um namorado?
- Precisar.. Ahn... Precisar não precisa, mas..
- Não preciso?
- Ou precisa, você deve saber melhor que eu sobre as suas necessidades.
- É, de fato.
Marcelo sentiu um tom de desapontamento na voz de Isabel e começou a pensar numa maneira de corrigir o que defensivamente acabara de dizer. Queria mesmo lhe dizer que ele se sentiria honrado de namorá-la, e quem sabe voltar pra casa com uma super novidade para contar à Pipinha.
- Você pode não precisar de um namorado, mas pode arrumar um a hora que quiser, sabe disso, não é?!
- Hmm... E por que pensa assim?
- Ah... Você é bonita, inteligente e, por favor não se ofenda, garoto algum resistiria à tentação de te namorar.
A vontade de Marcelo era de sair correndo, não acreditava na coragem que teve e nas palavras que usou. Imaginou Isabel pensando que ele era completamente louco. E quando achava que nada poderia piorar sua situação, Isabel cortou seus pensamentos com sua suave voz:
- E você, me namoraria?

Capítulo 7

Aquela sexta-feira chovia muito. O céu chegou a parecer asfalto pela sua cor, mas isso nunca foi pretexto para que os dois faltassem à escola. Especialmente nos últimos dois meses, Marcelo vivia contando para a amiga sobre uma menina que havia entrado na escola; seu nome era Isabel. Angélica acabara de fazer 14 anos e, já na oitava série, não podia acompanhar muito de perto o amigo durante o período de aula já que este estava no segundo ano e cada um tinha seus próprios amigos e sabiam se dar o devido espaço.
Curiosamente nervoso, Marcelo saiu desesperado atrás de Pipinha; parecia que tinha grandes notícias. Ao encontrá-la, ofegante a puxou para isolarem-se e começou falar de forma comicamente desorganizada:
- Ela estava lá, ela estava lá, e então ela saiu e deixou cair o estojo! Eu peguei e quando ia entregar, ela cochichou no me ouvido pra encontrá-la na hora do intervalo, Pipinha!
- Quem estava lá?
- Isabel! Isabel estava lá!
- Lá onde, Má?
- Na sala, na sala!
- Ué.. Mas ela já não é da sua sala? Não está lá todos os dias?
- É sim.. Mas hoje ela estava lá, do meu lado, do meu la-do.
- Ah sim, e ela falou pra você encontrá-la agora, na hora do intervalo?
- Positivo, senhora!
- E o que ela quer?
- Não sei. Mas o que eu faço?
- Parece óbvio... Vai lá! Encontra ela! E depois, me conta tu-di-nho.
Num impulso Marcelo saiu desengonçadamente depois de dar um rápido e apertado abraço em Pipinha, que ficou rindo sozinha ao ver a afobação do amigo.
- Acho que isso é estar apaixonado.
Em segredo, desde o começo daquele ano, Angélica vinha arrecadando qualidades que procurava num menino; queria que seu primeiro beijo fosse apaixonado. Estava disposta a esperar.

Capitulo 6

Um amigo como Marcelo com certeza era indispensável na vida de Angélica, principalmente nesse momento de fragilidade.
Angélica além de ser muito doce, tinha uma mania muito antiga de querer as coisas a seu modo e encontrar meios de fazer isso acontecer.
Muito amorosa com sua mãe nesses momentos difíceis, passou noites em claro tentando imaginar o que poderia mudar na sua vida para superar essa fase sem muitas dores.
Depois de algumas tentativas, Angélica chegou à conclusão que infelizmente não poderia mudar o que havia acontecido, mas que poderia dar apoio a sua mãe; sendo uma garota mais responsável e amiga. Foi exatamente assim que ela passou a agir. Angélica passou a dedicar mais tempo a sua mãe e procurando não aborrecê-la.
Angélica passou a ser uma criança mais consciente de seus atos sem ao menos perceber que estava mudando devido a problemas que ela não teria como solucionar.

Capítulo 5

Naquela pequena demonstração de importância, Angélica percebeu que Marcelo de fato era seu amigo. Não lhe contou de imediato sobre a separação de seus pais, mas tratou de animar-se. Pipinha era forte de caráter e parecia uma moça grande com um amigo que encarregava-se de fazê-la se esquecer, por instantes, dos problemas de casa.

Capítulo 4

No primeiro dia de aula de Angélica, na primeira série, a menina estava empolgadíssima por finalmente conhecer a escola da qual Marcelo tanto lhe falara. O garoto descrevia as escadas, as salas de aula, o jeito que as professoras andavam e até mesmo o jeito rabugento e engraçado da inspetora Lucinda. Sem dúvida alguma, devia ser um lugar maravilhoso pra fazer amizades e dar boas risadas.
Marcelo morava duas casas ao lado, sendo que todos os dias passava na frente da casa de Angélica, acompanhado de sua mãe ao ir para a escola, acenando quase todas as vezes.
A partir desse ano, os dois começariam a ir juntos para a escola. Angélica aos seis anos, completaria sete em abril, e Marcelo com oito anos, completos naquele mesmo mês de fevereiro, dia quatro.
Quando animadamente caminhavam em direção à escola, passaram por alguns meninos empinando pipas. A menina achava divertidíssimo olhar aquelas pipas coloridas voando no céu de forma tão desorganizada e sem nem pensar duas vezes ergueu seus olhos para deslumbrar-se com os pássaros de papel. Marcelo estava ocupado demais ouvindo um pequeno sermão que sua mãe Sandra resolvera há pouco começar, porque havia esquecido de pegar o lanche.
Sem perceber, Angélica pisou num carretel que estava sobrando e numa fração de segundo se viu rolando ladeira abaixo. Não mais distante que dois passos longos, Marcelo e Sandra correram a socorrê-la. Com os cabelos caindo sobre o rosto, a pequena Angélica estava aos prantos de tanto rir, confessou que num rápido pensamento concluiu que o carretel se sentira abandonado e resolveu se atirar na frente da menina, na esperança de cumprir seu ofício. Mas esta estava distraída demais observando as pipas presas aos demais carretéis.
- Acho que ele queria que eu lhe arrumasse uma pipinha, coitado.
Dali em diante, 'Pipinha' passara a ser um apelido muito usado entre os três, para relembrar a compaixão inconsciente de Angélica para com o carretel solitário.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Capítulo 3

Todos os dias em torno das 12h45, Marcelo a vinha buscar para irem juntos à escola e é claro que não seria diferente agora. Angélica, com dor no coração, despediu-se de sua mãe, pegou o material escolar e saiu com seu amigo rua abaixo. A escola ficava a cinco longos quarteirões da casa de Angélica, o que lhes dava aproximadamente quinze minutos de conversa até que chegassem e fossem cada um para sua sala.
Durante metade do trajeto, não trocaram muitas palavras, o que ajudou o garoto a perceber que havia algo errado. Tudo o que o menino fez foi apoiar levemente sua mão nas costas cobertas de Angélica e dizer, como que num ato solidário:
- Você pode contar comigo para o que precisar, Pipinha.
Ali o silêncio foi quebrado pelos risos moderados de ambos que relembraram o porquê daquele apelido.

CAPITULO 2 - Marcelo, o amigo

Marcelo sempre foi motivo de orgulho para seus pais Cláudio e Sandra. Além da grande habilidade com os estudos, gostava muito de desfrutar a companhia de seus melhores amigos. Em especial de uma que sempre esteve ao lado: Angélica. Quando Angélica precisava de algo, lá estava Marcelo disposto a ajudá-la e a recíproca sempre foi verdadeira.
Porém, Marcelo tinha algumas dificuldades em se integrar a grupos diferentes devido a sua grande timidez. Dono de um perfil ímpar era uma pessoa de incomensurável caráter, disposto a ajudar quem precisasse.
Marcelo esteve presente na vida de Angélica desde o seu primeiro choro, pois suas famílias eram ligadas muito antes de seu nascimento, sendo que dois anos depois nasceu Angélica. Desde então, os jovens tornaram-se grandes amigos inseparáveis.
Para ele, a família sempre foi indispensável e a base para qualquer dificuldade, seguindo à risca os conselhos de seus pais.
Um jovem determinado que sonha em alcançar o melhor sempre.
O amigo fiel, o filho responsável, o aluno exemplar.
Marcelo é um exemplo.

Capítulo 1

Sonhadora e decidida. Sua mãe Silvana sabia que quando crescesse, seria uma grande mulher: Angélica. Morava com seus pais na cidade grande, acostumada às correrias do dia a dia, problemas no trânsito e outras coisas que seu pai usava como desculpa pra não comparecer às festividades da escola.
Quando estava prestes a fazer oito anos, seus pais se separaram. Sabia que eles não conversavam decentemente há anos mas jamais imaginara que isso viesse acontecer logo em sua casa. A pequena Angélica ouviu cada palavra, compreendendo tudo pefeitamente, quando sentaram-se com ela para conversar:
- Filha querida, sua mãe e eu precisamos lhe dizer algumas coisas. Antes de mais nada, quero que você lembre que seu pai te ama profundamente e que daria a vida por você, princesinha.
Foi exatamente assim que aquela longa conversa começou e Angel não gostava de lembrar do final, quando seu pai pegou as chaves do carro e depois de um longo e apertado abraço as deixou. Fernando acabara de sair e Angélica podia ver a dor no corpo imóvel de sua mãe, que não se permitiu derramar uma só lágrima na frente da menina. Passada uma hora de silêncio absoluto na casa, agora grande demais, Marcelo bateu à porta.